Rezam todos os manuais de boas práticas de visual merchandising no varejo que devemos apelar para todos os sentidos dos consumidores dentro do ponto de venda. Eu mesmo já falei e escrevi isso diversas vezes. Mas, cuidado, tudo o que é demais, cansa.
Outro dia, em visita a uma loja de departamentos, contei 9 intervenções do locutor em 30 minutos. Nove vezes minha concentração foi interrompida pela bem intecionada fala do rapaz comentando sobre as fantásticas ofertas do dia e lembrando-me de tudo o que eu deveria fazer antes de sair da loja… A única vontade que me deu foi de … sair da loja.
Semana retrasada, em visita de compras a um hipermercado, quase reclamei diretamente com o gerente. Faltou-me a coragem de parecer um rabugento e por pouco não fui. Dessa vez perdi a conta de quantas vezes o rapaz falou da maldita focaccia que esperava por mim na padaria e que eu não poderia deixar de experimentar. Depois da intervenção número 1000 a vontade que me deu foi de usar a tal focaccia como arma e atacar o pobre coitado. Imaginem as manchetes no dia seguinte: CLIENTE REVOLTADO USA FOCACCIAS COMO ARMA E ATACA LOCUTOR DE HIPERMERCADO.
Varejistas, pelo amor de Deus, as compras são momentos de lazer. Já somos inundados por propaganda a cada segundo de nossas vidas. Dentro de uma loja, cercados por estímulos de todos os lados, visuais, olfativos, táteis e, muito frequentes, degustativos, a última coisa que precisamos é termos nossos ouvidos entupidos por comunicação redundante, chata mesmo.O diabo do preço do quilo do frango está escrito na tabuleta! Quando eu chegar lá, LEIO!
Tudo o que é demais, cansa.
Pensem nisso.